sexta-feira, 29 de junho de 2012

O QUE É A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA TENDO COMO BASE A TEORIA (EAM)?


A teoria de Reuven Feuerstein aborda novas perspectivas de aprendizagem que contribui para a relativização do processo educativo direcionado aos alunos especiais.
Essa relativização promove um deslocamento em relação à percepção que se tem dos sujeitos, a qual os coloca em uma situação fatalista de que sempre serão limitados, ou seja, no caso dos alunos especiais têm-se a tendência de se exaltar mais os pontos fracos (as limitações). Não valorizando os pontos fortes que todos os seres humanos possuem (as possiblidades).
A teoria da Experiência de Aprendizagem Mediada trata de um processo que leva em consideração a mediação entre o sujeito aprendente e o ambiente no qual, ele vive, tendo como ponto chave o mediador que estimula essa interação e promove significados das vivências e experiências para o mediado.
Esses significados apenas são possíveis, devido o mediador que terá o papel de organizar os elementos mais importantes, proporcionando as crianças melhores formas de aprendizagem mediada. É esse aspecto que diferencia a interação da mediação, pois a interação não canaliza por si só os sentidos das vivências e experiências, é preciso que haja a intervenção de um sujeito cultural – o mediador.
O conhecimento das bases teóricas do autor Feurstein ocasiona uma relevante reflexão para aqueles que não possuem fundamentos teóricos apropriados para mediação pedagógica, no que diz respeito a crianças especiais. Nesse sentido, nota-se que muitas práticas terão que ser revistas e reconstruídas, para que realmente exista o processo de inclusão das crianças especiais.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

“O QUE É PLASTICIDADE NEURONAL PARA MIM”


Plasticidade é a capacidade de o cérebro estabelecer novas conexões a partir de estímulos. Essas conexões são modificações que colaboram no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social dos sujeitos aprendentes.
A compreensão de que o cérebro pode relacionar uma mudança na estrutura e funções do sistema nervoso, com finalidade de adaptação às mudanças ambientais ou injurias, é primordial para que seja desenvolvida a mediação pedagógica.
A mediação pedagógica estará alicerçada em ações que possam desenvolver as potencialidades e habilidades dos indivíduos, contribuindo para a sua efetiva participação nas relações sociais.
Todos os estudos evidenciados no texto indicam o quanto estamos errados em achar que as pessoas especiais por terem limitações, estão isentas da capacidade de se desenvolver.  Graças aos avanços da neurociência, que por meio da psicometria obteve grandes avanços qualitativos em suas experimentações, observa-se que muitas possibilidades foram dadas ao nosso cérebro, sendo uma delas de se modificar estruturalmente.
Mediar o processo pedagógico que permita a constituição de novas interfaces cerebrais e sociais além de ser possível e imprescindível para que haja realmente o processo de inclusão.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Dica de Filme - "Ser e Ter"


UM OUTRO OLHAR, UMA OUTRA REALIDADE:
AS CONTRIBUIÇÕES DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS OBSERVADAS NO FILME “SER  E TER”

 
CELIS ANDRADE VASCONCELOS
CÍCERA FERNANDA RODRIGUES MEDEIROS
MARIA FRANCINETE DE AMORIM
MARIA DO CARMO DA SILVA ALMEIDA
RAFAEL DE FARIAS FERREIRA
TEREZINHA SATURNINO GOMES

INTRODUÇÃO

O documentário “Ser e Ter”, é um filme que tem corrido o mundo e despertado o interesse de  pessoas de várias gerações e  profissões, desde professores, até  pais e mães e todos aqueles que, de alguma forma, estão ligados à ao processo de ensinar ou de estabelecer procedimentos para a educação.
O filme se passa em uma Escola da França, de uma única turma, na qual todas as crianças de uma mesma localidade, desde o infantil até ao final da escola primária, se concentram em torno de apenas um mestre.  Ele as acompanha desde o jardim da infância até o último ano do primário, transpondo-as do universo familiar para um ambiente onde o que é levado em conta ora a sua individualidade no processo de aprendizagem, e, ora, sua coletividade no desenvolvimento social estabelecidos pelas relações.   Enfim,  a  construção da personalidade.
O elemento central da história é o professor, exemplo de dedicação total à sua atividade de mentor e professor.  Através de sua participação, o filme mostra a influência positiva do educador na formação do caráter de seres humanos onde cada criança constrói seu próprio conhecimento frente às atividades curriculares que extrapolam os limites da sala de aula.
Além disso, mostra também as dificuldades da pré-adolescência e de como o professor amenizar os conflitos inerentes a esta fase do desenvolvimento. A partir do dialogo, ele constrói reais soluções para os problemas expostos nas relações e nas diversas aprendizagens.
Ser e Ter um filme fundamental para  professores, psicólogos, orientadores e por todos aqueles que, de alguma forma, trabalham com o desenvolvimento humano. Espontaneidade, graça, tragédias do cotidiano, sofrimentos comuns, diversões, amor e muita confiança mútua, desfilam aos olhos do espectador de uma forma mágica e lúdica.





1.    AS INTERAÇÕES E PRÁTICAS SOCIAIS INERENTES AO PROCESSO EDUCATIVO

A convivência entre aluno e professor na sala de aula é apenas uma etapa no processo da aprendizagem. O aluno é a base fundamental de toda escola que se preocupa em forma cidadãos.
Segundo Masetto (1997), “A primeira característica que une os participantes no processo da aprendizagem é a ação/trabalho efetivo que cada um deve desenvolver.” Este processo é constituído na interação, na participação dos alunos, professores, supervisores, orientadores, diretor, funcionários e pais de alunos.
As atividades escolares estão diretamente ligadas com o cotidiano do aluno e de sua realidade. O papel do professor é mostrar esta realidade e junto com os pais e a escola inserir os educandos nas atividades escolares.
Certamente o material coletado permitirá uma discussão muito interessante sobre as ações que são realizadas pelos diferentes participantes do processo de educação na escola e mostrará se elas são realizadas integralmente.”
Essa interação proporciona um material rico em informações, que colabora para o crescimento educacional. Esta ação precisa estar integrada para que haja um plano de trabalho. A construção deste processo é praticada através de reuniões que definiram objetivos educacionais, porém como afirma Masetto (1997);

Fica evidente que, nesta primeira discussão para o estabelecimento de metas educacionais, os interesses dos participantes nem sempre são convergentes e haverá muito que se trabalhar para chegar a um mínimo de consenso. Por isso mesmo, o papel do profissional educador é de fundamental importância como mediador de interesses e como indicador de pistas que apontem para o desenvolvimento dos educandos enquanto cidadãos.

O professor em toda cadeia educacional é peça chave para a viabilização de um plano administrativo e pedagógico que se estabelece no cumprimento do programa, a fim de realizar condições organizadas favoráveis ao desenvolvimento intelectual e social.
Além, da escola, os pais são parceiros co-responsáveis na educação escolar. Os pais segundo Içami Tiba, “faz parte da educação a seis mãos”. Todo processo educacional deve estar sendo acompanhado e observado pelos pais que fazem parte do cotidiano e influenciam na convivência entre professor e aluno.
A família é uma base efetiva na participação do aluno na escola. A escola precisa atuar como parceira com a família para resolver questões que interferem o processo educativo do educando. A escola tem que orientar e acompanhar não apenas o aluno, mas também, os pais, para que o processo educativo seja desenvolvido de maneira certa e satisfatória.
O aluno como protagonista social é construtor do meio educativo, no qual ele irá se desenvolver. Porém, a sua atuação fica mais forte na relação professor e aluno que devem trabalhar juntos para desenvolver condições organizativas do trabalho docente.

2.    AS RELAÇÕES PROFESSOR-ALUNO EVIDENCIADAS NO FILME “SER E TER”

O processo de ensino aprendizagem é uma atividade de construções sócio-históricas, particularizando a experiência do tempo nas vidas dos alunos e do professor.
A partir desse contexto, nota-se em Teixeira (1998, p.94),

Que os tempos das aulas são a maior parte do período em que os professores estão na escola desenvolvendo seus trabalhos, momentos em que mantêm relações face-a-face com seus alunos. Trata-se de um período de tensões, de encontros e desencontros, de conflitos, de alegria e dissabores peculiares à convivência intergeracional e ao trabalho pedagógico nos territórios da escola.

As particularidades aqui descritas são observadas no filme “Ser e ter” de Nicolas Philibert. “Ser e Ter” é um documentário sobre o sistema educacional francês, sobre as escolas comunitárias que, no interior da França, abrigam na mesma sala – uma única sala – crianças de 4 a 10.
 No filme, observa-se que os processos educativos estão intrinsicamente ligado as teorias psicológicas.
O conhecimento advindo da psicologia é de grande importância para as ações que norteiam o processo educativo. Isso porque, a psicologia irá ter como principal objeto de análise o ser humano. E por ter um objeto tão dinâmico, as teorias psicológicas abordaram várias vertentes inerentes à natureza humana. A psicologia do desenvolvimento, por exemplo, evidencia as etapas/fases biológicas universais a todo ser humano, e como no decorrer dessas fases, o ambiente interage com as transformações físicas.
Nesse contexto, pode-se afirmar que as complexas interações biológicas, psicológicas e culturais são imprescindíveis para compreender as várias facetas da condição humana. Por oferecer os subsídios necessários para esse entendimento, a psicologia se relaciona dialeticamente com a educação, tendo em vista, que o homem objeto desta ciência e o mesmo da educação, no entanto, em outra vertente de análise – a do sujeito em aprendizagem. 
Essa perspectiva interacional (psicologia e educação) e visualizada a partir das teorias de Paiget e de outros que afirmam que o processo educativo quando, voltado para o cognitivo evolutivo, contribui para o desenvolvimento das capacidades cognitivas (capacidade de generalizar, de recordar, raciocinar, formar conceitos, etc.).
No filme nota-se que tanto as teorias de Piaget, quanto as de Freud, são norteadoras da prática e das relações estabelecidas pelo professor. 
Isso implica dizer, que as intervenções avaliativas, estão de modo que promovam nos indivíduos um real desenvolvimento das estruturas cognitivas e simbólicas ao nível de desejo.
Por terem histórias particulares, nota-se que o professor, equilibra as interações sociais, econômicas e culturais a partir dos diálogos, permitindo que os alunos façam uma reflexão de suas ações.
Outra característica da prática docente evidenciada no filme é o tom de voz do professor, em nenhum momento o professor altera o tom da sua voz para falar com as crianças. Na realidade brasileira, alteramos diversas vezes o tom de voz para prender a atenção dos alunos.
Os alunos quando quebram alguma regra de convivo é convidado a refletir o porquê daquela reação, além disso, o professor incentiva os alunos a expor seus sentimentos, suas sensações para que o aluno possa entender as consequências de seus atos, refletindo sobre o erro que ele cometeu. Nas partes em que ocorrem esses recortes, nota-se que a base de sua prática esta ligada a teoria de Freud.
As aulas práticas evidenciadas no filme mostram o quanto é importante associar a prática com a teoria. As brincadeiras, os passeios, os jogos são extremamente valorizados pelo professor.
Todas essas observações são relevantes para uma reflexão dos processos educacionais desenvolvidos pelo sistema educacional brasileiro. Desta forma, nota-se que uma prática libertadora não ocorre se não estiver alicerçada em teorias que dão de conta das estruturas cognitivas e afetivas do desenvolvimento dos sujeitos aprendentes.

CONCLUSÃO
Este trabalho contribuiu para nossa formação educacional mostrando que o modelo de Educação Francesa, desafia as sociedades a oferecer a todos os cidadãos uma educação coerente com as exigências do novo contexto e nem sempre é possível contar com as novas tecnologias para intermediar este processo.
 Devem-se criar oportunidades para que os indivíduos adquiram as informações de modo autônomo e seletivo e produzam conhecimentos nos espaços formais e informais de ensino-aprendizagem.
O documentário evidencia a relação dialógica que enriquece as práticas educativas e o processo de intervenção.


REFERÊNCIAS

BOSSA, Nádia A.; OLIVEIRA, Vera Barros de. (orgs.). Avaliação Psicopedagógica da criança de zero a seis anos. Rio de Janeiro: Vozes 2009.

MASETTO, Marcos Tarciso. Didática: a aula como centro. São Paulo: Editora FTD, 1997. (coleção aprender e ensinar).

Nicolas Philibert. Ser e Ter. França: 2002

TIBA, Içami. Ensinar aprendendo: como superar os desafios do relacionamento professor-aluno em tempos de globalização. São Paulo: Editora Gente, 1998.