UM
OUTRO OLHAR, UMA OUTRA REALIDADE:
AS
CONTRIBUIÇÕES DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS OBSERVADAS NO FILME “SER E TER”
CELIS
ANDRADE VASCONCELOS
CÍCERA
FERNANDA RODRIGUES MEDEIROS
MARIA
FRANCINETE DE AMORIM
MARIA
DO CARMO DA SILVA ALMEIDA
RAFAEL
DE FARIAS FERREIRA
TEREZINHA SATURNINO GOMES
INTRODUÇÃO
O documentário “Ser e Ter”, é um filme que tem corrido o mundo e despertado o
interesse de pessoas de várias gerações e profissões, desde
professores, até pais e mães e todos aqueles que, de alguma forma, estão
ligados à ao processo de ensinar ou de estabelecer procedimentos para a
educação.
O filme se passa em uma Escola da
França, de uma única turma, na qual todas as crianças de uma mesma localidade,
desde o infantil até ao final da escola primária, se concentram em torno de
apenas um mestre. Ele as acompanha desde o jardim da infância até o
último ano do primário, transpondo-as do universo familiar para um ambiente
onde o que é levado em conta ora a sua individualidade no processo de
aprendizagem, e, ora, sua coletividade no desenvolvimento social estabelecidos
pelas relações. Enfim, a construção da personalidade.
O elemento central da história é o
professor, exemplo de dedicação total à sua atividade de mentor e
professor. Através de sua participação, o filme mostra a influência
positiva do educador na formação do caráter de seres humanos onde cada criança
constrói seu próprio conhecimento frente às atividades curriculares que
extrapolam os limites da sala de aula.
Além disso, mostra também as
dificuldades da pré-adolescência e de como o professor amenizar os conflitos
inerentes a esta fase do desenvolvimento. A partir do dialogo, ele constrói reais
soluções para os problemas expostos nas relações e nas diversas aprendizagens.
Ser e Ter um filme fundamental
para professores, psicólogos, orientadores e por todos aqueles que, de
alguma forma, trabalham com o desenvolvimento humano. Espontaneidade, graça,
tragédias do cotidiano, sofrimentos comuns, diversões, amor e muita confiança
mútua, desfilam aos olhos do espectador de uma forma mágica e lúdica.
1.
AS
INTERAÇÕES E PRÁTICAS SOCIAIS INERENTES AO PROCESSO EDUCATIVO
A convivência entre aluno e professor na sala
de aula é apenas uma etapa no processo da aprendizagem. O aluno é a base
fundamental de toda escola que se preocupa em forma cidadãos.
Segundo Masetto (1997), “A
primeira característica que une os participantes no processo da aprendizagem é
a ação/trabalho efetivo que cada um deve desenvolver.” Este processo é
constituído na interação, na participação dos alunos, professores,
supervisores, orientadores, diretor, funcionários e pais de alunos.
As atividades escolares
estão diretamente ligadas com o cotidiano do aluno e de sua realidade. O papel
do professor é mostrar esta realidade e junto com os pais e a escola inserir os
educandos nas atividades escolares.
“Certamente o material
coletado permitirá uma discussão muito interessante sobre as ações que são
realizadas pelos diferentes participantes do processo de educação na escola e
mostrará se elas são realizadas integralmente.”
Essa interação proporciona
um material rico em informações, que colabora para o crescimento educacional.
Esta ação precisa estar integrada para que haja um plano de trabalho. A
construção deste processo é praticada através de reuniões que definiram
objetivos educacionais, porém como afirma Masetto (1997);
Fica evidente que, nesta primeira discussão para o estabelecimento de
metas educacionais, os interesses dos participantes nem sempre são convergentes
e haverá muito que se trabalhar para chegar a um mínimo de consenso. Por isso
mesmo, o papel do profissional educador é de fundamental importância como
mediador de interesses e como indicador de pistas que apontem para o
desenvolvimento dos educandos enquanto cidadãos.
O professor em toda cadeia
educacional é peça chave para a viabilização de um plano administrativo e
pedagógico que se estabelece no cumprimento do programa, a fim de realizar
condições organizadas favoráveis ao desenvolvimento intelectual e social.
Além, da escola, os pais são
parceiros co-responsáveis na educação escolar. Os pais segundo Içami Tiba, “faz
parte da educação a seis mãos”. Todo processo educacional deve estar sendo
acompanhado e observado pelos pais que fazem parte do cotidiano e influenciam
na convivência entre professor e aluno.
A família é uma base efetiva
na participação do aluno na escola. A escola precisa atuar como parceira com a
família para resolver questões que interferem o processo educativo do educando.
A escola tem que orientar e acompanhar não apenas o aluno, mas também, os pais,
para que o processo educativo seja desenvolvido de maneira certa e
satisfatória.
O aluno como protagonista
social é construtor do meio educativo, no qual ele irá se desenvolver. Porém, a
sua atuação fica mais forte na relação professor e aluno que devem trabalhar
juntos para desenvolver condições organizativas do trabalho docente.
2.
AS
RELAÇÕES PROFESSOR-ALUNO EVIDENCIADAS NO FILME “SER E TER”
O processo de ensino
aprendizagem é uma atividade de construções sócio-históricas, particularizando
a experiência do tempo nas vidas dos alunos e do professor.
A partir desse contexto,
nota-se em Teixeira (1998, p.94),
Que os tempos das
aulas são a maior parte do período em que os professores estão na escola
desenvolvendo seus trabalhos, momentos em que mantêm relações face-a-face com
seus alunos. Trata-se de um período de tensões, de encontros e desencontros, de
conflitos, de alegria e dissabores peculiares à convivência intergeracional e
ao trabalho pedagógico nos territórios da escola.
As particularidades aqui
descritas são observadas no filme “Ser e ter” de Nicolas Philibert. “Ser e Ter”
é um documentário sobre o sistema educacional francês, sobre as escolas
comunitárias que, no interior da França, abrigam na mesma sala – uma única sala
– crianças de 4 a 10.
No filme, observa-se que os processos
educativos estão intrinsicamente ligado as teorias psicológicas.
O conhecimento advindo da
psicologia é de grande importância para as ações que norteiam o processo
educativo. Isso porque, a psicologia irá ter como principal objeto de análise o
ser humano. E por ter um objeto tão dinâmico, as teorias psicológicas abordaram
várias vertentes inerentes à natureza humana. A psicologia do desenvolvimento,
por exemplo, evidencia as etapas/fases biológicas universais a todo ser humano,
e como no decorrer dessas fases, o ambiente interage com as transformações
físicas.
Nesse contexto, pode-se
afirmar que as complexas interações biológicas, psicológicas e culturais são
imprescindíveis para compreender as várias facetas da condição humana. Por
oferecer os subsídios necessários para esse entendimento, a psicologia se
relaciona dialeticamente com a educação, tendo em vista, que o homem objeto
desta ciência e o mesmo da educação, no entanto, em outra vertente de análise –
a do sujeito em aprendizagem.
Essa perspectiva
interacional (psicologia e educação) e visualizada a partir das teorias de
Paiget e de outros que afirmam que o processo educativo quando, voltado para o
cognitivo evolutivo, contribui para o desenvolvimento das capacidades
cognitivas (capacidade de generalizar, de recordar, raciocinar, formar
conceitos, etc.).
No filme nota-se que tanto
as teorias de Piaget, quanto as de Freud, são norteadoras da prática e das
relações estabelecidas pelo professor.
Isso implica dizer, que as
intervenções avaliativas, estão de modo que promovam nos indivíduos um real
desenvolvimento das estruturas cognitivas e simbólicas ao nível de desejo.
Por terem histórias particulares,
nota-se que o professor, equilibra as interações sociais, econômicas e
culturais a partir dos diálogos, permitindo que os alunos façam uma reflexão de
suas ações.
Outra característica da
prática docente evidenciada no filme é o tom de voz do professor, em nenhum
momento o professor altera o tom da sua voz para falar com as crianças. Na
realidade brasileira, alteramos diversas vezes o tom de voz para prender a atenção
dos alunos.
Os alunos quando quebram
alguma regra de convivo é convidado a refletir o porquê daquela reação, além
disso, o professor incentiva os alunos a expor seus sentimentos, suas sensações
para que o aluno possa entender as consequências de seus atos, refletindo sobre
o erro que ele cometeu. Nas partes em que ocorrem esses recortes, nota-se que a
base de sua prática esta ligada a teoria de Freud.
As aulas práticas
evidenciadas no filme mostram o quanto é importante associar a prática com a
teoria. As brincadeiras, os passeios, os jogos são extremamente valorizados
pelo professor.
Todas essas observações são
relevantes para uma reflexão dos processos educacionais desenvolvidos pelo
sistema educacional brasileiro. Desta forma, nota-se que uma prática
libertadora não ocorre se não estiver alicerçada em teorias que dão de conta
das estruturas cognitivas e afetivas do desenvolvimento dos sujeitos
aprendentes.
CONCLUSÃO
Este trabalho
contribuiu para nossa formação educacional mostrando que o modelo de Educação
Francesa, desafia as sociedades a oferecer a todos os cidadãos uma educação
coerente com as exigências do novo contexto e nem sempre é possível contar com
as novas tecnologias para intermediar este processo.
Devem-se criar oportunidades para que os
indivíduos adquiram as informações de modo autônomo e seletivo e produzam
conhecimentos nos espaços formais e informais de ensino-aprendizagem.
O documentário evidencia a relação dialógica
que enriquece as práticas educativas e o processo de intervenção.
REFERÊNCIAS
BOSSA,
Nádia A.; OLIVEIRA, Vera Barros de. (orgs.). Avaliação Psicopedagógica da criança de zero a seis anos. Rio de
Janeiro: Vozes 2009.
MASETTO,
Marcos Tarciso. Didática: a aula
como centro. São Paulo: Editora FTD, 1997. (coleção aprender e ensinar).
Nicolas Philibert. Ser e Ter. França: 2002
TIBA, Içami. Ensinar
aprendendo: como superar os desafios do relacionamento professor-aluno em
tempos de globalização. São Paulo: Editora Gente, 1998.
Que artigo MARAVILHOSO!Parabéns a todos os envolvidos.
ResponderExcluirExcelente esplanação e aabordagem do filme, muitas reflexões para que se pense em melhorias na atuação em sala de aula e no processo de ensino e aprendizagem das crianças.
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