Como
esta semana estamos trabalhando a valorização dos direitos humanos das crianças
e adolescentes, quero compartilhar com vocês o processo histórico da Educação
Especial, por meio de uma resenha do texto de SANTOS, Monica Pereira dos. Educação e Psicopedagogia: Rumo à
Inclusão. Fundação Francisco Mascarenhas e Faculdade de Patos, 2011.
Autor: Rafael de Farias Ferreira
EDUCAÇÃO E PSICOPEDAGOGIA: RUMO À INCLUSÃO
RESENHA
O texto de Monica Pereira Santos
(1999) informa às transformações que a educação especial vem passando durante
as últimas décadas, sendo a década de 90, parte relevante de seu estudo. A
autora mostra que a partir do paradigma de “Educação para Todos” a
(re)conceituação de educação especial carrega em si um olhar mais amplo e
realista no que diz respeito ao atendimento à indivíduos com necessidades
especiais e dificuldades de aprendizagem.
Nesse sentido é importante ressaltar
que num primeiro momento os portadores de necessidades especiais eram
ignorados, ou que caracterizava a segregação e exclusão destes indivíduos. No
segundo, eles passam a ser percebidos como possuidores de certas capacidades,
ainda que limitadas. No entanto, o tratamento e as práticas eram alienantes e
condicionadas apenas no intuito de protegê-los, de cuidados que não seriam
relevantes para a inserção dos indivíduos no meio social, o que explica as
funções dos asilos e abrigos – lugares nos quais essas pessoas eram trancadas.
O terceiro momento é marcado pelo reconhecimento do valor humano destes
indivíduos, portanto a legitimação de seus direitos (SANTOS, 1999).
Este último segundo Santos (1999)
faz parte de uma conquista histórica dos movimentos das minorias pela luta dos
direitos humanos, mas outros fatores como o avanço científico, um crescente
pensar questionando o significado e o sentido de práticas discriminatórias e
clamando por um mundo democrático além do avanço tecnológico, foram
significativos para a evolução da educação especial.
Tais acontecimentos criaram a
necessidade de indivíduos-cidadãos, sabedores e conscientes de seus valores e
de seus direitos e deveres, o que implicou o desenvolvimento de programas
educacionais e de uma educação qualitativa flexível aos variados tipos de
alunos.
Para isso, duas conferências foram
segundo Santos (1999), essenciais na constituição dos programas e projetos
voltados para educação especial – a de Jomtie em 1990 e a de Salamanca em 1994.
Para Santos (1999), a conferência de
Jomtie desencadeou três relevantes conseqüências à educação especial: o
estabelecimento de metas que aumentasse o número de crianças freqüentando a
escola; providências que assegurassem a permanecia destas nas instituições
escolares; e, inicio de reformas significativas que assegurassem uma prática
pedagógica e administrativa por profissionais realmente capacitados para o
processo de inclusão.
Na Conferência de Salamanca, Santos (1999) destaca
que o evento instituiu uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da
prática de garantia de inclusão das crianças com necessidades educacionais
especiais nestas iniciativas e a tomada de seus lugares de direito numa
sociedade de aprendizagem (UNESCO, 1994 apud. SANTOS, 1999).
Com base no documento construído em
Salamanca, observa-se em Santos (1999, p. 5), que
o
conceito de necessidades educacionais especiais passou a incluir, além das
crianças portadoras de deficiência, aquelas que estejam experimentando
dificuldades temporárias ou permanentes na escola, as que vivem nas ruas ou que
moram distantes de qualquer escola, as que vivem em condições de extrema
pobreza ou que sejam desnutridas, as que sejam vítimas de guerras e conflitos
armados, as que sofrem de abusos contínuos físicos, emocionais e sexuais, ou as
que fora da escola, por qualquer motivo que seja.
Nota-se que houve uma ampliação da
clientela e consequentemente de uma prática educativa integradora, que busque
eliminar as diferenças da aprendizagem, levando em consideração a desigualdade
existente entre os indivíduos em processo de desenvolvimento.
Isso implica afirmar que na parte
teórica temos um documento sólido e integrador, no entanto, a parte prática é
algo ainda muito frágil, sendo o desafio para este último, juntar e unificar os
sistemas de educação regular e educação especial em um só, partindo do
principio que todos os seres humanos possuem o mesmo valor, e os mesmos
direitos.
REFERÊNCIA
SANTOS, Monica Pereira dos. Educação e Psicopedagogia: Rumo à
Inclusão. Fundação Francisco Mascarenhas e Faculdade de Patos, 2011.
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